Compliance Zero: veja o que disseram os alvos da operação que investiga fraudes financeiras
PF começa a analisar documentos apreendidos durante operação contra fraude no Banco Master A operação Compliance Zero, realizada nesta terça-feira (18) pe...
PF começa a analisar documentos apreendidos durante operação contra fraude no Banco Master A operação Compliance Zero, realizada nesta terça-feira (18) pela Polícia Federal contra esquema de fraudes financeiras, resultou em sete prisões – cinco preventivas e duas temporárias. Os policiais investigam a venda de títulos de crédito falsos pelo Banco Master, que emitia Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. Retorno considerado irreal pelas autoridades. Segundo o diretor da PF, Andrei Rodrigues, as fraudes podem chegar a R$ 12 bilhões. Os presos preventivamente, ou seja, sem prazo previsto para serem liberados, são: Daniel Bueno Vorcaro, presidente do Banco Master; Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Master; Luiz Antônio Bull, diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia do Master; Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente executivo de Tesouraria do Master; Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, sócio do Master. Já os presos temporariamente, por três dias, são: André Felipe de Oliveira Seixas Maia, diretor de empresa envolvida no esquema; Henrique Souza Silva Peretto, sócio de empresa envolvida no esquema. Além das prisões, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, determinou o afastamento dos cargos, por 60 dias, de: Paulo Henrique Costa, presidente do Banco de Brasília (BRB); Dario Oswaldo Garcia, diretor financeiro do BRB. Isso porque o BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Master entre 2024 e 2025. Desses, pelo menos R$ 12,2 bilhões envolvem operações em que há fortes indícios de fraude. Além disso, essas transações aconteceram no mesmo período em que o BRB tentava comprar o próprio Banco Master – e convencer os órgãos de fiscalização de que a transação era viável e não geraria risco aos acionistas do BRB, incluindo o governo do Distrito Federal. Nesta reportagem, o g1 reúne o que as defesas dos principais suspeitos e as instituições financeiras afirmaram sobre a operação Compliance Zero (clique no nome para seguir à manifestação): Daniel Bueno Vorcaro, presidente do Banco Master Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Master Paulo Henrique Costa, presidente do BRB Banco de Brasília (BRB) Daniel Vorcaro, preso em operação contra fraudes em banco Reprodução Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master A defesa de Vorcaro afirma que se colocou à disposição para cooperar com as investigações. Veja a íntegra da nota enviada à imprensa: "Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, que foi detido na noite de ontem em Guarulhos, constituiu uma equipe de advogados que cuidarão de sua defesa. Vorcaro anunciou ontem a venda da instituição e tinha plano de voo a Dubai para se encontrar com os compradores. No mesmo dia, advogados, por ele e pelo Banco Master, colocaram-se, como já haviam feito antes, à disposição para cooperar com as autoridades, prover informações, participar de audiências, inclusive com a presença de Vorcaro". Voltar ao início Augusto Ferreira Lima, preso na operação Compliance Zero Reprodução/Instagram Flávia Péres Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Master A defesa de Augusto Lima disse ter recebido a informação da operação Compliance Zero com surpresa e que o cliente já havia se desligado das funções no Master em maio de 2024. Veja a íntegra: "A defesa de Augusto Lima informa que recebeu com absoluta surpresa a operação deflagrada nesta data. Augusto Lima já havia se desligado definitivamente de todas as suas funções executivas no Banco Master em maio de 2024. As operações atualmente investigadas são posteriores à sua saída e, portanto, não guardam qualquer relação com sua atuação profissional ou com decisões tomadas durante sua permanência na instituição. Augusto Lima possui histórico ilibado, reconhecido no mercado financeiro e sua atuação sempre foi pautada pela legalidade, transparência e responsabilidade. A defesa tem plena confiança de que a apuração demonstrará a absoluta inexistência de vínculo entre Augusto Lima e as operações objeto da investigação". Voltar ao início Presidente afastado do BRB, Paulo Henrique Costa Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília Paulo Henrique Costa, presidente afastado do BRB Paulo Henrique Costa divulgou nota em que diz que a investigação da PF é "legítima, necessária e positiva" para o sistema financeiro. Ele afirmou que aquisições de carteiras são tradicionais no mercado e que o BRB substituiu a grande maioria de carteiras adquiridas do Master. E que adotou uma série de medidas para preservar o banco público. E se comprometeu a cooperar com as apurações. Veja a íntegra "Diante dos acontecimentos desta terça-feira (18), que envolvem operações da Polícia Federal, venho a público manifestar que: Toda investigação conduzida pelas autoridades competentes é legítima, necessária e positiva para o fortalecimento das instituições e para assegurar a transparência no sistema financeiro. É fundamental atuar com transparência e dentro da mais estrita legalidade em todas as esferas da administração pública. Aquisições de carteiras são operações tradicionais do mercado financeiro. No caso do Banco Master, o BRB identificou, no primeiro quadrimestre, divergências documentais em parte das operações, comunicou o fato ao Banco Central do Brasil e promoveu, em sua grande maioria, a substituição dessas carteiras. Após a identificação dessas questões, a atuação do BRB consistiu na com revisão da documentação, reforço de controles e ajustes de processos, medidas adotadas para mitigar riscos e preservar a instituição. Reitero meu compromisso de cooperar integralmente com as autoridades e de disponibilizar todas as informações necessárias para o completo esclarecimento dos fatos. Zelo pela transparência e pela legalidade em todas as minhas ações e confio que a apuração trará os devidos esclarecimentos. Atenciosamente, Paulo Henrique Costa". Voltar ao início Fachada do BRB em Brasília Jornal Nacional/ Reprodução Banco de Brasília (BRB) O BRB divulgou nota para esclarecer que não foi alvo de bloqueio de bens na operação Compliance Zero, mantém suas operações normalmente e que tem compromisso com a transparência, a legalidade e o cumprimento rigoroso de normas. Veja a íntegra: "O BRB esclarece que não é alvo de bloqueio de bens no âmbito da Operação Compliance Zero. Informações divulgadas por veículos de imprensa afirmaram que a Justiça Federal teria determinado o bloqueio de R$ 12,2 bilhões pertencentes ao Banco de Brasília. No entanto, decisão da 10ª Vara Federal de Brasília, desta data, expressamente retifica despacho anterior para excluir o Banco BRB das medidas de constrição patrimonial. Conforme o texto da decisão: “Retifico a decisão (…) para excluir o Banco Regional de Brasília (…) das medidas de constrição patrimonial referentes ao bloqueio do montante total de R$ 12,2 bilhões de suas contas, uma vez que a eventual responsabilidade de seus dirigentes (pessoas físicas) não se confunde com a da pessoa jurídica, a qual figura como instituição financeira.”. O Banco ressalta que não há qualquer bloqueio de bens ou valores da instituição, sendo as medidas aplicadas exclusivamente a pessoas físicas investigadas e a outras instituições mencionadas nos autos. O BRB reforça seu compromisso com a transparência, a legalidade e o cumprimento rigoroso das normas que regem o sistema financeiro nacional. BRB - Banco de Brasília". Voltar ao início. Sede do Banco Master na Faria Lima, em SP Reuters/Amanda Perobelli