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MP pede imagens de câmeras para apurar ação de PM armada em escola de SP após pai reclamar de aula de 'religião africana'

PMs vão à escola em SP com metralhadora após pai reclamar de desenhos de matriz africana O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu que a Secretaria ...

MP pede imagens de câmeras para apurar ação de PM armada em escola de SP após pai reclamar de aula de 'religião africana'
MP pede imagens de câmeras para apurar ação de PM armada em escola de SP após pai reclamar de aula de 'religião africana' (Foto: Reprodução)

PMs vão à escola em SP com metralhadora após pai reclamar de desenhos de matriz africana O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu que a Secretaria Municipal de Educação e a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) disponibilizem imagens de câmeras de segurança e corporais após 12 policiais militares armados, um deles com metralhadora, circularem na EMEI Antônio Bento, na Zona Norte. Os agentes foram até a escola após uma denúncia feita pelo pai de uma aluna. Segundo ele, a escola estaria obrigando a criança a ter “aula de religião africana” por conta de um desenho com o nome "Iansã", orixá ligado aos ventos e às tempestades. A determinação foi tomada após a deputada federal Luciene Cavalcante (PSL), o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) e o vereador Celso Giannazi (PSOL) apresentarem uma notícia fato sobre o caso. No despacho publicado na segunda-feira (17), o promotor pediu uma série de apurações iniciais antes de decidir se vai abrir uma investigação ou tomar outras medidas na Justiça. Além das imagens de câmeras de segurança, o MP também solicitou à Seduc: que tipo de apoio a Diretoria Regional de Educação ofereceu aos profissionais da EMEI durante o episódio; a identificação do pai que teria destruído murais da escola, além de relatar detalhadamente o que houve e quais providências foram tomadas pela unidade; esclarecimentos gerais sobre o caso; se houve acionamento do GIPE (Grupo de Intervenção e Proteção Escolar) e quais medidas foram adotadas; E para a SSP pediu: a identificação dos agentes que participaram da ação cópia do acionamento que motivou a ida da PM à escola; informar se a pessoa que fez a denúncia à corporação é policial e qual sua função; informar a qual batalhão pertencem os envolvidos; encaminhar todos os registros produzidos pela PM sobre o caso; informar se foi aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) ou outro procedimento interno e enviar cópias dos autos já produzidos. O caso também será informado à Promotoria Militar. Pai que denunciou escola é PM O pai que acionou policiais militares armados para entrar na Emei Antônio Bento é um PM da ativa, confirmou a SSP. O nome do militar consta do Portal da Transparência do governo estadual — ele aparece como soldado de 1ª Classe da Polícia Militar. Seu nome não será divulgado para preservar a identidade da criança. Uma servidora ainda afirma que foi pressionada contra a parede e teve uma arma encostada em seu corpo durante a abordagem, que teria durado cerca de 20 minutos. Procurada pelo g1, a SSP informou que a Polícia Militar instaurou um procedimento para investigar a conduta da equipe e que a Corregedoria da PM permanece à disposição para receber denúncias ou informações que ajudem nas investigações. A pasta diz que apenas quatro PMs da 2ª Cia do 16º BPM/M atuaram na ocorrência no interior da escola. Testemunhas relataram que um dos policiais teria gritado “várias vezes”. A funcionária afirma que os PMs permaneceram dentro da unidade “por mais de uma hora” e que pais e mães de estudantes presenciaram toda a cena. O episódio aconteceu em 11 de novembro, depois que o pai acionou a PM dizendo que a filha estaria sendo obrigada a participar de "aula de religião africana" por causa de um desenho com o nome "Iansã". Ainda segundo a SSP, a funcionária da escola registrou um boletim de ocorrência por ameaça contra o pai, que, por sua vez, também registrou BO negando ter danificado um painel da escola ao retirar um desenho da filha. A funcionária relata que explicou aos policiais que a escola trabalha com "currículo antirracista, documento oficial da rede" e desenvolve propostas que apresentam às crianças elementos da cultura afro-brasileira. Representante da Rede Butantã, a jornalista Ana Aragão afirmou que a situação gerou “muita indignação”. “Quem assediou foi o próprio comandante de área da PM, lamentavelmente. O pai da aluna rasgou todos os desenhos que estavam no mural da escola, feitos pelos próprios alunos”, disse. Moradores da região elaboraram um abaixo-assinado em defesa da escola e dos profissionais da Emei Antônio Bento. O documento expressa “integral e irrestrito apoio” ao corpo docente e acusa os policiais de orientarem a comunidade escolar “de forma errônea e racista” ao classificarem o trabalho pedagógico como inadequado. Em nota, a Secretaria Municipal da Educação afirmou que explicou ao pai da estudante que o trabalho apresentado pela filha integra uma produção coletiva do grupo e faz parte de propostas pedagógicas previstas no Currículo da Cidade, que determina o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena. A pasta não se manifestou sobre a atuação dos policiais dentro da escola. EMEI Antônio Bento, na Zona Oeste de SP Reprodução/Google Street View